terça-feira, 1 de junho de 2010

BMW G 650 GS Um mito muito mais acessível

Testamos a G 650 GS, o modelo da BMW com argumentos e qualidadessuficientes para se tornar um sucesso de vendas.

Ter uma BMW na garagem já não é um privilégio para poucos. Por “apenas” R$ 29.800 já é possível ser proprietário de uma genuína moto da famosa marca Bávara BMW.
Apesar de inúmeras qualidades técnicas, é o imponente logotipo da marca BMW incrustado na G 650 GS que deverá torná-la um sucesso de vendas.

Não há como negar que esta marca é repleta de prestígio e construiu a fama de fabricar excelentes motos, no entanto, somente uma elite com polpudas contas bancárias podiam pagar por suas motos até então.

O objetivo do lançamento da G 650 GS foi justamente mudar esta fama. Como milagres não existem, para conseguir vender sua nova big-trail a um preço tão interessante, a BMW decidiu primeiramente voltar a produzir o antigo modelo F 650 GS, apresentado pela fábrica no longínquo ano de 2000.

Para minimizar os custos, fez uso das vantagens comerciais da globalização. Passou a fabricar na China parte de seus componentes (entre eles o motor) e decidiu montar a moto em Manaus, utilizando para isso uma linha de montagem de sua nova parceira, a Dafra.
Com toda essa “manobra”, chegou ao atraente preço de R$ 29.800 que deverá atrair também, parte do público que até então tinha apenas na Yamaha XT 660 R a única opção de uma moto big-trail na faixa de 650 cilindradas.

Mas a pergunta que não quere calar é a seguinte: será que a G 650 GS é uma moto bem resolvida e resistente no mesmo padrão de qualidade e sofisticação dos outros modelos da BMW?

Como motociclista é um bicho desconfiado e, para piorar, jornalista um ser que duvida de tudo, fui descobrir “as verdades” da G 650 GS e como se comporta esta nova máquina que apelidei carinhosamente de Frida (afinal a origem de seu projeto é alemão). Rodei 2.300 km em condições extremas e variadas, ou seja, sob chuva, sol, calor de 31 ° e frio de apenas 4°, passando por terrenos de cascalho, lama e claro, de estradas em péssima qualidade.

Virgem Alemã

O teste começou melhor do que o esperado. Não só descobri que seria o primeiro jornalista especializado no Brasil a testar a BMW G 650 GS da safra montada em Manaus, como a tal unidade era completamente zero quilometro.

Na retirada da moto prometi ao atencioso pessoal da BMW que trataria a “virgem alemã” com todo carinho, não abusando dela até a primeira revisão que seria feita numa concessionária em Florianópolis, Santa Catarina.

Logo de cara, ao dar a partida, achei o ronco do monocilíndrico abafado e discreto, talvez fruto da dupla ponteira de escapamento. Mas ao colocar a mão onde seriam as saídas dos gases, descobri que a G 650 GS é dotada de uma descarga de escapamento somente do lado direito. Sendo assim, o que aparentemente seria a segunda ponteira do lado esquerdo – similar ao sistema utilizado na Yamaha XT 660R – é na verdade o catalisador da moto.

Funcionando, o motor me chamou a atenção pela forte vibração em baixas rotações. Como se tratava de um motor ainda sem amaciamento, deixei o julgamento destes quesitos para serem feitos depois que a “Frida” já estivesse mais solta e conhecido os “prazeres da vida”, e de fato mais tarde descobri que a tal vibração diminuiu.

Outra característica que logo percebi na G 650 GS é a enorme facilidade de apoiar os pés no chão. A distância do banco ao solo de apenas 779 mm é algo que deverá destronar a Xuxa e fazer desta BMW a verdadeira “rainha dos baixinhos”, devendo agradar também o público feminino, que sentirá no modelo uma maior segurança.

No entanto, visto de um outro ponto de vista, o mesmo banco que salva os motociclistas de baixa estatura, maltrata os marmanjões mais altos. Isso porque a distancia entre ele e as pedaleiras é pequena, fazendo com que as pernas fiquem muito dobradas.

Com a moto enfim em movimento, apenas alguns minutos no “lombo” da Frida já foram o suficiente para que eu me sentisse bem, como se já conhecesse a moto. Isso até o momento em que precisei acionar o pisca. Graças à ergonomia ruim e o mau posicionamento dos botões, acionei a buzina ao invés de acionar o pisca por inúmeras vezes, e em uma delas ouvi até alguns palavrões do carro que estava ao meu lado. Para piorar, o design dos punhos não é dos mais agradáveis e seu acabamento foi o primeiro que percebi não ser no conhecido padrão BMW.

Mas apesar do inconveniente, a G 650 GS se saiu muito bem em seu primeiro congestionamento pesado, se mostrando ágil no uso urbano, mesmo com toda a marginal Tietê parada e alagada.

Pés na estrada

Viajar de moto é sempre um “evento” especial, ao menos para mim. Desde quando peguei minha habilitação e fui viajar de moto pela primeira vez, há vinte anos, todas as vezes que vou encarar uma estrada fico ansioso pela partida. Com a Frida não foi diferente.

Na noite que antecedia a partida, fui ver como ajeitaria os meus apetrechos. Graças à praticidade típica dos alemães, tudo ficou bem acomodado no super-útil bagageiro em alumínio. Principalmente para quem pretende rodar longas distâncias, este acessório é indispensável. Cada vez que precisava descarregar a pesada mochila e lembrava que se não fosse o bagageiro provavelmente teria que carregá-la nas costas, agradecia a Deus (e aos engenheiros alemães) por ele estar ali.

No dia seguinte bem cedo saí de São Paulo com o painel indicando apenas 12,6 quilômetros rodados. O dia estava apenas amanhecendo e o céu já dava indícios que São Pedro não estava de bom humor, já que na direção para onde eu rumava as nuvens eram cinzentas e carregadas. Blasfemei, pois odeio usar capa de chuva.

Na estrada, os ventos fortes serviram para me mostrar que o design do conjunto pára-lama dianteiro, carenagem e farol (não muito eficiente), apesar da aparência já ultrapassada, ofereciam uma razoável proteção aerodinâmica, tornando a pilotagem não só mais confortável como também mais segura.

As nuvens se foram e com elas o risco de chuva, o que foi muito bom, pois com asfalto molhado o perigo é muito maior na já assustadora BR-116, principalmente na serra que antecede a chegada a Curitiba, capital paranaense.

Em processo de amaciamento, a G 650 GS não pode ser forçada, mas mesmo assim se comportou bem, possibilitando inclusive ultrapassar carros e caminhões sem grandes esforços. Tal mérito se dá graças ao fôlego típico dos motores monocilíndricos, que oferecem uma boa dose de potência e torque já em baixos giros. Segundo a BMW, o monocilíndrico com 652 cm³ e dotado de duplo comando, quatro válvulas e refrigeração líquida, rende sua potência máxima de 51 cv a 7.000 rpm, já o torque máximo de 6,93 kgf.m é obtido a apenas 5.250 rpm.

Posteriormente, quando amaciada, a Frida foi avaliada no dinamômetro, com as medições sendo feitas na roda, o que projeta números muito mais realistas. Os resultados foram de 41,3 cv a 6.500 rpm de potência máxima e 5,53 kgf.m a 5.000 rpm de torque.

Apesar da diferença entre os resultados declarados e os obtidos, a característica de força em rotações baixas continuou muito boa. Na prática isso se traduz em outros pontos positivos como arrancadas e retomadas vigorosas. Prova disso são as marcas obtidas com telemetria por GPS, onde ela acelerou de 0 a100 km/h em 5,88 s e retomou de 50 a 100 em quinta marcha em 6,43 s).

No que se refere ao consumo, confesso que me impressionei com a Frida. Rodando na cidade, sua média ficou em torno dos 21 km/l, já na estrada, a alemãzinha beirou os 24,1 km/l!

Vale dizer que para conseguir esta excepcional média em consumo, a BMW adotou um sistema de dupla vela de ignição, o que garante uma queima mais eficaz da mistura ar e combustível e uma menor emissão de poluentes.

A curva do falcão

No painel antiquado, incompleto e, porque não, feio – falta marcador de nível de combustível e mais umodômetro parcial –, a quilometragem indicada já beirava os 400 km.

À medida que a quilometragem ia crescendo a Frida ia ficando mais... gostosa, de pilotar, é claro. Mais solta, as respostas iam ficando cada vez mais rápidas e a moto mais divertida de ser pilotada.

Com a quilometragem maior também veio a confiança, principalmente nas curvas. Como eu tinha um tempo curto para chegar em Floripa e havia perdido muito tempo num transito danado na Regis Bitencourt próximo a Curitiba, tratei de manter a velocidade na casa dos 130 km/h e não tirar muito a mão do acelerador nas curvas.

Desse modo, não só poderia sentir se a Frida era boa mesmo de “ginga”, como espantaria o sono que começava a me atrapalhar pelo tédio de rodar devagar atrás dos caminhões.

Apesar das suspensões macias, nas curvas a G 650 GS se mostrou equilibrada, apresentando apenas uma leve instabilidade na traseira quando se acelerava forte nas curvas de alta.

Nem mesmo aumentando a calibragem e enrijecendo a compressão da mola através da prática roldana, próxima a perna direita do condutor, tal efeito sumiu.

Curtindo a moto e o visual próximo a Floripa, o tempo passou rápido e no horário previsto eu estava na concessionária Top Car. Não fosse o compromisso, provavelmente eu teria sucumbido à enorme vontade de parar a moto e pular no mar com roupa e tudo, de tão convidativo ele estava com sua cor azul turquesa.

Em menos de duas horas a moto foi revisada e estava prontinha para encarar o restante da viagem, mas não sem regressar até o Balneário de Camboriu para encontrar uns amigos e passar a noite.

No dia seguinte, depois de um bom café da manhã e cheio de disposição, voltei à estrada para meu segundo dia de viagem-teste da G 650 GS.

Já próxima dos 1000 km rodados e de revisão feita, decidi “apertar” a Frida para ver até onde ela era capaz de chegar. Sem reclamar e de maneira rápida, seu motor encheu marcha após marcha, até chegar na quinta e última, que por sinal não é das mais longas. Por este motivo, a velocidade final de 175 km/h (indicada no painel), chega rapidamente. Nesse momento, o ronco do motor mais parece um “urro”, contagiando quem a pilota a acelerar mais e mais.

Acelerando sem restrições, enfim pude notar o quanto o motor desta BMW é elástico, exigindo inclusive poucas mudanças de marcha.

O ponto alto do relacionamento entre eu e a Frida foi na BR-282, estrada que liga o litoral catarinense à região serrana. Bem cuidada, cheia de deliciosas curvas e com um visual incrível daqueles que dá vontade de parar toda hora para fotografar. Esta estrada é simplesmente o cenário perfeito para se curtir motocicleta que vale a pena ser visitado.

Mas apesar dessa estrada ser um paraíso motociclístico, foi nela que tomei o maior susto de toda viagem.

Durante um trecho sinuoso onde eu “abusava” da pobre Frida raspando suas pedaleiras no asfalto, me deparei bem no meio de uma curva fechada com um falcão enorme que degustava tranquilamente o seu banquete, um pequeno animal parecido com um rato ou coelho. Graças ao bom equilíbrio do conjunto chassi, suspensões e da boa aderência dos pneus Metzeler Tourance, consegui trazer a moto ainda mais para o lado de dentro da curva, passando perto o suficiente do bicho a ponto de perceber que ele gosta de carne mal passada.

Sem terra

A beleza de alguns trechos da BR-282 começaram a perder a graça quando o calor bravo de 31° começou a cozinhar os meus miolos. Nessa hora, mais do que ver belas paisagens, eu precisava urgente de alguns goles de água, pois a que carregava em meu cantil havia acabado há um bom tempo.

Rodei vários quilômetros até finalmente achar um posto na cidade de Urubici. Ainda bem que a autonomia da BMW G 650 GS é boa – roda mais de 400 km com seu tanque de 17,3 litros de combustível –, pois pior que pilotar com sede é empurrar uma moto de 175 kg nestas condições.

Do posto de gasolina até o Morro da Igreja, o meu destino, ainda enfrentaria um trecho de aproximadamente 30 km de estrada de terra, lama e cascalho, pisos que a Frida até encara, mas deixa claro não gostar.

Por ter as suspensões muito macias, uma roda dianteira de 19 polegadas, um pára-lama dianteiro que raspa com facilidade no pneu (fazendo um alto e irritante barulho) e uma ciclística mais voltada para o on-road, a G 650 GS sofre quando encara pela frente buracos, cavas e pedras.

Outro ponto que exige atenção do condutor ao pilotar na terra é o sistema anti-travamento do freio, o ABS (Anti-lock Braking System). Antes de sequer colocar as rodas da moto fora do asfalto, é preciso desligá-lo no feioso botão junto à base do guidão, caso contrário você não conseguirá frear a moto. Isso acontece porque o sistema já é um tanto antiquado e lento, diferente por exemplo da Honda XRE 300 ABS que freia muitíssimo bem na terra.

O que acontece com o “lento” ABS daFrida numa frenagem, é que, após os sensores localizados juntos às rodas identificarem que ela está prestes travar e o sistema liberar a pressão hidráulica nos pistões das pinças de freio evitando que as rodas travem, o tempo necessário para que o sistema entenda que a roda não está mais travada e pressurize o freio para que ele volte novamente a atuar é muito demorado, comprometendo muito a frenagem. Por este motivo, a G 650 GSfreia muito melhor na terra se o sistema de ABS estiver desligado.

Em situações como asfalto molhado ou mesmo seco, o ABS se comportou como esperado: evitou possíveis tombos em frenagens onde seria difícil manter a moto de pé, sempre em espaços curtos.

Já adaptado com as limitações da Frida na terra, me deparei com o trecho mais difícil da viagem: um trecho de terra que acabara de ser feito por tratores na construção de uma nova estrada.

Apesar das dificuldades normais de um caminho acidentado e das limitações da G 650 GS, ela manteve uma de suas maiores qualidades: o conforto. Mesmo rodando há várias horas me sentia inteiro e disposto.

Depois de aproximadamente 1.300 km rodados, enfim cheguei ao Morro da Igreja - Santa Catarina, uma dos lugares mais fantásticos que já visitei em toda minha vida, que não só se destaca pela beleza natural, como o caminho que o “liga ao mundo” parece ter sido feito pensando nos motociclistas, de tão divertido.

Tanta aventura em meio a dificuldades serviram para me lembrar de como é valiosa a versatilidade de uma moto big trail como a G 650 GS. Ir a lugares incríveis como as serras catarinenses servem não só para ressaltar a valentia dessas poderosas máquinas, mas também para sentir na pele a pura e mágica sensação de estar vivo.

Mesmo triste por saber que dali para frente o pensamento seria na viagem de retorno, procurei pensar positivo, afinal ainda teria o privilegio de curtir 900 quilômetros de estrada até São Paulo em compania da adorável Frida. Não bastando, já tinha obtido as respostas para a pergunta mencionada lá no começo desta matéria. A G 650 GS é uma moto de boa qualidade, ela é de fato uma moto bem resolvida, mas na minha opinião não está no mesmo padrão de qualidade e sofisticação das outras BMW... e espero que seu custo de manutenção também não esteja.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Kawasaki Ninja 250R

A Kawasaki aportou no Brasil em outubro de 2008 e pouco mais de 1 ano, com fábrica instalada no Brasil e concessionárias que começam a se instalar por todo território afora, é a marca da vez a figurar nesta coluna com o seu produto mais vendido e um dos mais desejados pelos consumidores. A Kawasaki como todos sabem tem fama de produzir motocicletas com acabamento esmerado e de excelente desempenho. Veremos se a rede de concessionárias que está em crescimento dará o atendimento adequado ao consumidor e a altura do produto.

O feliz proprietário do modelo é "das antigas", em pouco mais de 30 anos como motociclista já possuiu modelos de grande desempenho como a saudosa RD350, portanto é um consumidor de perfil exigente e experiente. A negociação para aquisição da Ninja 250R ficou concentrada em duas concessionárias, levando a melhor, aquela que deu melhor atendimento, já que a compra se deu à vista, sem financiamento. Na entrega o vendedor passou alguns minutos esclarecendo e explicando a documentação, dados do manual do proprietário, alerta sobre óleo e passou uma importante informação, do ponto de vista segurança, o cuidado com os primeiros quilômetros dado a cera nos pneus. Parece redundante tal informação, mas basta acessar o Youtube para vermos dezenas de acidentes na saída de concessionárias. Sua satisfação inicial com a concessionária em relação à pré-venda, venda e entrega foi muito boa, tanto que a recomendaria para amigos e conhecidos. O manual informa que no período de amaciamento a rotação deve ser de no máximo 4000RPM nos primeiros 800 km e de 5000RPM até alcançar os 1600 km, algo complicado de seguir, já que a 120 km em 6ª marcha, a Ninjinha está a 7000RPM, velocidade esta, da maioria das rodovias do Brasil. O piloto com altura de 1,70m nos informou que a moto tem excelente ergonomia e não demorou a se sentir vestido na motocicleta, salientado que em poucos quilômetros já estava adaptado ao novo, já que é muito fácil de pilotar com aceleração bem linear e freios precisos. Em duas semanas rodou 996 quilômetros, sendo mais de 75% da rodagem em rodovias e o restante em trechos urbanos. Agendou a revisão dos 1.000Km na mesma concessionária onde a adquiriu e aí, aquela boa impressão inicial se perdeu. Antes de falar de revisão, foi anotado detalhadamente o consumo da Ninja 250R, sendo o pior consumo 25,84 Km/l e o melhor consumo 27,07 Km/l. A verdinha foi deixada num dia (período da tarde) para ser retirada no dia seguinte, mas poderia deixá-la na parte da manhã para ser retirada no mesmo dia à tarde, mas seguiu a necessidade do consumidor que nos mencionou: "Após 996km rodados, a moto é levada para a revisão dos 1000km gratuita, na mesma revenda em que foi comprada. Moto entregue no final da tarde e o manual carimbado (!). A entrega foi marcada para o dia seguinte, no início da tarde (14h00). Vou retirar a moto as 17h30 horas depois de marcada a retirada e fico sabendo que a moto não foi lavada, sob a alegação da máquina estar quebrada. Paciência, vou levar a moto assim mesmo. Estou quase pagando os "serviços realizados", quando ouço o responsável pela área, perguntar para o atendente: "Foi feita a revisão nesta moto?". Não. Estou quase pagando e levando a moto embora, sem a moto ter sido revisada. Meio sem jeito, o responsável pela área mecânica pede que eu aguarde, pois a revisão seria feita imediatamente. Não concordo em esperar e peço para que a revisão seja feita com calma, para que a qualidade do serviço não seja prejudicada. Vou embora sem a moto, preocupado, claro. No final do dia seguinte (quarta feira), ligo para a concessionária e confirmo que a moto "está pronta". Vou até a loja, pago a troca do óleo e filtro (R$114,00) e aguardo o atendente ir buscar a moto. Lá do meio da loja, ouço o atendente falar: "A moto não foi lavada, você pode trazer para uma lavagem gratuita em um outro dia, a máquina quebrou...". Será que vai começar tudo de novo? O rapaz manobra as motos e começa a sair com uma moto, da mesma cor da minha, mas com escape esportivo, fita na roda... Não, definitivamente não é a minha. Deixo ele trazer a moto até a porta, para certificar se ele teria se enganado mesmo. "Está aqui a sua moto". Não, esta não é a minha moto. Após o novo embaraço, o atendente busca a moto certa, que estava lavada (ué, a máquina não estava quebrada?) e pronta. Dou uma "revisada" geral e vou embora. Adivinha onde não vou levar a moto, para a revisão dos 3000km ?" Infelizmente, as falhas de pós-vendas não pararam por aí. No domingo esse leitor me convidou para darmos uma volta até o Serra Azul na Rodovia dos Bandeirantes para um café e acertamos os detalhes para a participação desta coluna. Eis que ele me pede: - André monta na minha moto e freie o dianteiro. Solícito, fiz o que o proprietário me pediu. Eis meu diagnóstico: folga na mesa superior. Dito e feito saímos do Serra Azul sentido São Paulo, em baixa velocidade, e a Ninja 250R foi diretamente para o mecânico de confiança, freqüentado pelo indignado consumidor há mais de 30 anos, já que a concessionária já estava fechada. Lá chegando o parafuso foi retirado com a mão, sem a necessidade de qualquer ferramenta. O parafuso foi recolocado, apertado e dois outros parafusos da mesa superior, reapertadas. O problema foi solucionado chegando ao lar, com as ferramentas adequadas, foi constatado que vários outros parafusos não tinham o aperto adequado, pois estavam quase soltos, entre eles, os parafusos do para lama dianteiro e diversos parafusos da carenagem. Com razão o consumidor ficou enfurecido e após um e-mail, a concessionária combinou nova revisão no sábado seguinte sob sua supervisão. A revisão foi realizada passo a passo sob o olhar atento do proprietário que recebeu os pedidos de desculpas e voto de confiança, já que o então responsável pela oficina saiu de férias permanentes, ao menos daquela concessionária. Essas infelizes coincidências nos trás uma reflexão, um sentimento difícil de se explicar, pois só quem é motociclista sabe: você ama sua moto, adora estar com ela, mas, se por algum motivo você passa a não confiar na máquina, surge um tremendo vazio no peito, algo inexplicável, especialmente, quando você ainda está em lua de mel com sua nova companheira. Felizmente foi um problema pontual da concessionária, que assumiu a responsabilidade, atendeu o cliente de maneira que este voltasse a confiar na máquina. Já fizemos outro passeio e desta vez saboreamos vários cafés. A lição para a concessionária: controle de qualidade no serviço realizado, comprometimento com o serviço e com a marca e, acima de tudo, com a segurança do consumidor. Lição para a Kawasaki: treinamento, treinamento, treinamento e treinamento, mas com comprometimento total e absoluto da parceira concessinária, sem esse comprometimento é melhor não avalizar a concessionária. Por fim, relato a sensação e felicidade do consumidor com sua Ninja 250R: "Tem acabamento caprichado, digno das máquinas de alta cilindrada da marca e especialmente essa moto é uma gueixa em baixas rotações e um ninja em médias e altas rotações."